3 de fev. de 2006

Roleta Russa

Sinto-me vazio..Nenhuma inspiração,nem uma vontade. Desisti de ter alegrias e isso afasta de uma estranha maneira a tristeza também.Quando desisti de reagir não precisei ouvir e depois responder. Hoje me sinto preso a esta condição.
Estar vazio, embora fisicamente impossível e também de certa forma incompreensível, não é uma afirmação que cause espanto a alguém. De certa forma todos nós estamos ou já estivemos vazios. É a peça de união entre todos os seres pensantes e por conseqüência “sentintes”, mesmo que varie a intensidade entre segundos,minutos,horas,dias,anos e alguns durante a vida inteira.
Conceito confuso?..Mais confuso que afirmar estar cheio, quando linhas acima ,afirmava estar vazio..é possível estar cheio de estar vazio?
O meu estado natural de espírito é podre. O espírito é o condutor do corpo, e não ao contrário. Quem tem o espírito livre e limpo conseguinte é uma boa pessoa, sendo sua força interior o seu manipulador. Porém existe sintonia em condutores parcialmente cegos? Encontro alguns em várias ocasiões e encontro o meu também nessa situação. Além de cego e ter sangue nos tímpanos. Triste figura que não escuta, não enxerga e desde nascido é mudo. Inveja,ganância,preguiça, hedonismos..tudo é encontrado nessa mistura moderna de “pseudo-eus” e marionetes mal informados e guiados..Na realidade estar em constante paranóia de você mesmo é um tanto egocêntrico. E só de perceber tal insanidade, rotulo tal como se fosse falsidade.
É possível se perder em suas próprias fantasias,digo, não é nada difícil. O cérebro é tão complexo e vulnerável que se atingido por constantes “brainstormings” nossa mente confusa por natureza transforma-se numa bolha de sabão. Todos sabemos o fim trágico de uma bolha, mas será que paramos para considerar os fatos? Uma tempestade cerebral tem proporções catastróficas, pois a caixa de Pandora quando aberta soltou seus vírus mais mortal, a dita sabedoria. E a sabedoria será o motivo de nossa extinção.
Como separa seu “eu” racional, do “eu” experimental, das suas outras tantas partes?
Sinto-me louco,mas não insano. Acredito que existe um equívoco em nossa língua e maneira de pensar. Um louco é aquele que abraça a loucura como sua religião oculta, segredo que não pode ser revelado até sua maturidade intelectual. Um louco é aquele que se opõe. Não aquele que pensa diferente,apenas aquele que pensa. Pois se notar em sua volta veria que poucos ali realmente pensam. Já o insano foi aquele atingido pela loucura enquanto estava distraído e de costas. Cabem aos insanos servirem apenas de seguidores, fanáticos,religiosos e idosos de todas as idades que esquecem de onde vieram e qual seu propósito. Os insanos acabam em casas de detenção, manicômios. Viram “dignos” pais de famílias e têm seus empregos confortáveis e seguros, com trajes semelhantes, todos devidamente uniformizados. Uniformes não são somente vestimentas, o conceito de soldado é triste unicamente por significar ser apenas mais um. Enfim, insanos são aqueles que conhecemos e temos carinho por alguns também. São todos aqueles nocauteados, apenas mais um e não UM.
Estar vazio,complexado,abandonado, sentir-se inferior ou superior, transforma a vida do andante em uma roleta russa. A diferença está nas regras do jogo. Diferente da maneira dos insanos, que odeiam odiar mas não querem arriscar. Os loucos são aqueles que carregam o tambor e retiram apenas UMA bala..
O tambor gira...agora espero para puxar o gatilho.....