30 de abr. de 2007

Censura

O judiciário brasileiro tomou mais uma decisão de suma importância para nossa sociedade: Foi proibida a venda da biografia não autorizada do "Rei" Roberto Carlos. Que grande serviço o magistrado que proferiu tal decisão presta aos cidadãos brasileiros ! E digo isso sem um pingo de ironia, temos de dar graças A-SEJA-LÁ-EM-QUE-VOCÊ-ACREDITA por sermos privados de mais um campeão da audiência. Afinal, que diabos acrescentaria uma biografia desta que é uma das mais chatas figuras públicas da nossa história. Putaquepariu ! Roberto não é boêmio, não é polêmico, não tem bom gosto, não tem manias - a não ser as religiosas, que são detestáveis - não tem amantes, não tem rompantes, repentes, fulguras. Ficaria preocupado se um dia nos negassem a aprender sobre Niemeyer que é gênio em tudo. Não só na arquitetura, como no seu pensamento e, até mesmo, na sua volúpia sexual mesmo beirando os três dígitos...Problema será o dia no qual calarem o Chico Buarque, que não relembrarem o Nélson Robdrigues, o Cartola (graças a você sou mais brasileiro hoje !), etc.
Nada vamos perder em não saber a história de alguém que tem seus méritos. Mas, não justifica a glorificação que reside sobre o próprio. Alguém que não sabe cantar, não tem um repertório cativante e surgiu numa geração claramente pré-fabricada com forte influência do pior da cultura norte-americana, não pode ser rei de nada. Por sinal, espero que nossa justiça não pare por aí. Quero que eles por antecipação nos privem das vindouras biografias da Xuxa, da Sandy, do Júnior, da Kelly Key, da Carla Perez e de tantos outros ícones criados pela mais pura nata da intelectualidade brasileira. Viva as elites, que na surdina nos deixam com cada vez mais tchan na cabeça e muito menos neurônios na mesma !!!

21 de abr. de 2007

Prazer, Rodrigo

Nasci e fui criado no Moinhos ( bairro mais esnobe de Porra Alegre...), minha vó de quem herdei muito do que sou, passou horrores com aqeuele maldito câncer...doença maldita ! Ela sugou minha vó, minha alegria, minha infância, a vitalidade da minha mãe e, até mesmo, nosso dinheiro...
Já faz mais de dez anos que ela se foi...mas ainda está aqui comigo ! Meu pai...bom, talvez, seja uma lenda urbana...meu referencial de homem na infância foi meu tio, o gordo...ele se separou, foi parar lá na 24, conosco, e ficou lá até 99...quando os três dormitórios e a garagem em frente à Champs Elysée foram pras cucuias no leilão... por um preço irrisório. Ele foi bastante importante, um ídolo, mesmo sendo gremista ( eca!)...pena que ele seja louco, pena que apesar de ter idéias geniais e fazer muito dinheiro com isso, ele acabasse por fumar e cheirar as notas !!! Até roubar o faqueiro de ouro da vovó ele roubou. Enquanto eu e minha mãe estávamos dormindo...aí é aquela coisa, ameaça de morte...ordem judicial de afastamento e parará...Sumimos, demos umas bandas, compramos um carro e vendemos logo em seguida....Pois, meu painho querido ficou mais de ano sem pagar a pensão. Afinal, ele estava mal das pernas - teve de vender dois de seus trinta carros de coleção - e eu e mamys estávamos com o dinheiro ínifimo de uma herança dilapidada...Bom foi tudo, adeus play, adeus PC, adeus bonecos dos cavaleiros...o que não foi vendido foi parar no depósito ( e o falcatrua do dono consumiu tudo, tudo ! Toda a minha infância junto !!! )...Sétima série, brigas e depressão me levaram de volta ao Léo - Alfa, como eu gostava daquele colégio...Mas as coisas não deram certo, o psicológico pesou, e eu, de aluno exemplar passei a repetente. Foi como se morresse um pouco. O estudo era tudo para moi (como eu era idiota ! ), mas não tava tudo perdido...colégio com dependência, lá na pqp, pagava van...óbvio que não ia dar certo e...não deu ! Sem grana larguei o colégio. O destino me pregou uma peça, mudança na idade pra fazer supletivo...aí, dá - lhe comida ! Depressão, choro, medo de sair de casa, medo de rirem de mim...fui preso por mim mesmo ! Um ano e alguns meses de reclusão...
- Tá garoto, o seguinte se tu não saíres dessa obesidade mórbida terás diabetes adulto em seguida... - Ok, doutora, não terei diabetes !... Resolvi voltar a viver !!! Tudo era muito difícil, até caminhar, parecia um ET....descobri que sou virtualmente cego dum olho, hehe que pilha !!! Viciado em futebol, o Inter é tudo ! Veio a Band, vieram os programas no shopping, vieram alguns olhos clínicos, veio um padrinho, veio um emprego...Guaíba = Família ! São tantos pais, mães, irmãos, irmãs, tios, primas que eu tenho naquela esquina...Eu fui crescendo, superando meus limites...Segundo grau, liberdade ! Deixei de ser nerd, mas não deixei de estimular minha mente, avancei vários sinais. Richardito e Perizzollo são os principais culpados...mas tem muita gente, muitíssima gente com culpa nesse cartório ! Não preciso dizer quem são meus irmãos...vocês sabem que são vocês ! Sentimos que nossos gens são iguais, nos deram sobrenomes diferentes só para nos confudirem...
Faculdade. Não foi na federal como eu imaginava que era meu destino...graças a seja lá quem é você, não fui pra lá ! Ritter, direito (mamãe coruja orgulhosíssima, sem ter pressão, segui teus passos...à minha maneira...mas segui !). Depois IPA, jornalismo . Nova fase, novos amigos, saudade dos antigos, novos pseudos, novos inimigos. Nova crise, mamãe doente, pílulas, alegria, prepotência...Agradeço a todos, todos seguem em meu coração ( muito piegas...mas eu sinto ). Vocês são e serão meu eterno fardo ! Felizmente é o fardo mais leve de todos os tempos, desde o neolítico...Só quero dizer que os amo, amo, amo, amo, amo !!!
E amo você, você mesmo, tão perto e tão longe...

18 de abr. de 2007

Aerials

Se a Lucy está no céu com seus diamantes, eu estou aqui neste plano chamado terreno com minhas idéias. Finalmente, pude compreender que ao perder minha mente liberto minha vida. Não vou mais me culpar pelos problemas do Mundo. Não vou tentar mudá-los. Se nossas vidas são impossíveis, ora que pena ! Mas eu serei feliz igual !!!
Algumas revelações se fizeram primordiais. Eu sei que é impossível viver desse jeito. Ao mesmo tempo, percebo, também, que não exsite outra forma plausível para levarmos nossas vidas. Estamos sendo vigiados. Aquilo que chamamos de Deus, Alá, Buda, Wesley Snipes, Alexandre Pato, Maomé,etc...Não passa de um grande punheteiro. Ele criou um brinquedinho tão legal, com tantos personagens...Pois bem, vamos viver esta farsa. Poucos sabem que somos iguais a ratinhos de laboratório. As coincidências não existem, a felicidade também não, muito menos a tristeza. Agora, ele nos regula com pílulas, sejam elas legais ou não....Temos que controlar nossos sentimentos, torná-los artificiais. O amor está sendo diluído com muita acidez na ponta de nossas línguas. O transe pode durar horas, dias ou para sempre...
Vontade de voltar é bem incompreensível. Mas...assim eu quis. Desta forma, posso compartilhar esta experiência, estes pensamentos, posso desfraldar meus enigmas e defender minhas teorias da conspiração. Pobre dos "normais", lhes falta a percepção, condição sine qua non para alcançarmos o real estado de graça, o nirvana do desapego...
- Tentem crianças, tentem ! A verdade vos libertará desta prisão !!! Beijos e até a nova viagem...

11 de abr. de 2007

Guernica Armagedônica do Trololó Maçônico Budista

Tão feliz. Estou amando. I'm in love with myself. Eu, estou me amando...quem diria ? Simplesmente feliz ! Porém, me culpo por isso. A felicidade é uma pena, toda pena acarreta uma sanção. O artigo da felicidade te leva a reclusão eterna na alienação. Impossível, triste, lascivo, pernicioso...
A loucura é um elogio, por que os verdadeiros momentos felizes ocorrem acalentados por ela. Por dentro de seus sinuosos fios de cabelo estamos tecendo algo nosso. Quando só nós entendemos, somos verdadeiramente felizes. Me causa gozo enxergar as caras incrédulas quando entramos em nosso transe, que é tão psicotrópico, mesmo sendo careta. A física quântica é laica. Por isso, me atrai. Vamos vitalizar as energias, trocá-las, sentí-las, vamos emergir de nosso submarino mental. Quero ser feliz. Mais que isso, quero fazer todos felizes. Conversas intermináveis, estas parceiras são para sempre. Viaje comigo.
" E por quê não... ? " Temos sorrisos iguais. Vamos abrir essas portas de esmaltes branquilíneos. Haha, good trippin' man !!!
Vamos permitir nada ser, nada querer, não ir, ficar, juntar, multiplicar, não reagir, desbundar, transgredir, agitar antes de beber, provar, usar, voltar...ou não...

10 de abr. de 2007

Dharma, we'll Rest In Peace

É tão fácil amar. Só eu sei como o é, amo por tantos motivos seja pelo jeito, pelo estilo, pela cabeça, pela forma, pelo disforme, pelo absurdo, pelo assustador, pelo diferente, pelo surpreendente...etc, etc. Mas o problema é a confusão. Não preciso ser um "shiny happy people" para amar, eu consigo amar por detrás da minha carranca, consigo continuar amando mesmo com os dentes cerrados, rangendo - os até fechar meu capacete protetor. Com ele, obtenho a liberdade de tudo o que é superficial. Porém, ao mesmo tempo, fujo da verdade, do carinho, da cumplicidade...
Apesar de tudo isso, conheço meu destino e gosto dele. Meu caminho está sendo e sempre será traçado com várias curvas, chicanes, freadas. Até, talvez, batidas. Quero descansar em paz, no meu zen irritadiço, só quero rir, rir até de chorar, sem ter motivo algum para tanto. Quero experimentar os altos e baixos e sorver cada gota de seus momentos. Depois de tudo isso, espero você vir, meu rompante criativo...Invadido por este que me é tão caro. Me sinto mais um Jack, frente a uma velha máquina de escrever que tem cheiro de café e gosto de boemia, escrevendo a base de pílulas de felicidade...Desvairados, todos somos !

9 de abr. de 2007

Noir

Aquela noite não precisava ter terminado...Como eu queria que ela fosse eterna...Eu poderia perfeitamente ficar perdido no meu transe inerte. Me diverti bastante, mesmo sem ter feito nada de especial. Aí reside o grande mistério. Busco a felicidade no mais simples. Como são aprazíveis os momentos puramente intediantes. Desde que estes sejam brindados por muita ironia, cerveja, fugas, viagens e conversas intermináveis sobre muita coisa e sobre o nada ao mesmo tempo.
A gente sabe como funciona, só não podemos contar pra eles. Se isso ocorrer. Bom...corra ! A cadeia pode ser interessante até. Eu, particularmente, não imagino que seja pior que uma clínica de desintoxicação ou La Pinel..." I just wanna beat'em, beat'em, beat'em..."
Não quero derreter no sol. Só quero ser Jeannie e ficar dentro de uma garrafa. Não temos muita opção. Sempre fazemos a mesma coisa. Auge do contrasenso. Conseguimos criar a rotina da loucura.
- Tio, não se preocupe, eu não vou tão longe, só vou até a esquina...Me conheço, sei do que gosto...Por isso, é só de vez em quando. Que perigo ! Tem gente que não volta, outros viajam por alguns meses, bad trip !
Ei, acorde ! Estamos chegando !!! Não sei como, mas estamos aqui de volta...Nem sabes, viemos ouvindo jazz e batendo palmas. -

6 de abr. de 2007

Morte e cigarros

()..Ele fez uma curva fechada e atropelou um mendigo. Foi horrível. A minha reação foi xingá-lo e colocar o cinto de segurança. Não sei porque, já que o carro estava inerte naquele momento. Ele desceu e levantou o mendigo do chão. O vagabundo estava bem, o colocou sentado no banco de trás e continuou a dirigir.
- Então –disse ele berrando por causa da chuva e do motor barulhento – o que você faz quando não está sendo atropelado?!
- Mato pessoas e mando elas pra lua!
- Sério?! Interessante. Olha só rapaz! – gritou ele me dando um soco no ombro – atropelamos um cientista!
- Eu tinha a cura do câncer, mas acho que vocês não merecem essa cura – disse o vagabundo.
- É mesmo?! - gritou ele.
- Eu me divorciei de minha mulher e fui pra brasília ver os discos voadores no planalto central..

Mesmo bêbado, aquele papo ainda era tão incompreensível quanto realmente parecia.

Deixamos ele no primeiro pronto socorro que apareceu na frente. Depois disso fomos para um boteco e ele se encarregou de arranjar umas companhias para nós. Eu até hoje não entendo como ele fez para entrarem no carro com a gente. Não por nós. Não parecíamos tão horríveis quanto realmente éramos. Mas, aquele carro. Era pior do que realmente parecia. Mas elas entraram. Elas sempre entravam, ele sempre as convencia. Você podia quase ter sido cúmplice de um homicídio no minuto anterior e no seguinte estava num carro velho e cheio de água e lama, mas estava acompanhado. E bem acompanhado. Não me lembro direito delas, mas eram bonitas, ele sempre arranjava as mais bonitas. Certa vez estávamos em uma turma de 7 homens e ele arranjou companheiras para todos. Não o levem a mal, foram todas de graça.

Quando entrou numa festa privada fingindo ser um figurão, era óbvio que não tinha um tostão furado no bolso. Mas ele entrou. Nós de roupas alugadas e sapatos apertados e gravatas desconfortáveis ficamos do lado de fora enquanto ele entrou e saiu nas páginas sociais acompanhado de uma loira incrível. No dia seguinte ele recompensara a turma fazendo uma festa apenas para seus conhecidos na frente de sua casa. A casa dele era horrível, mas ele sempre fazia elas entrarem, elas sempre entravam. Aquela casa era pior do que parecia. A rua ficou lotada de “conhecidos” e “conhecidas”. Foi a melhor festa que já vi na vida, e da qual participei.Mas, ele não pode superar aquilo.

Era um daqueles caras que você simplesmente não imaginava que iria um dia morrer. Apesar, de constantemente dar avisos barulhentos sobre a proximidade deste evento. No caixão ele não parecia ter tido um carro que caía aos pedaços, nem que fora viciado em heroína e livrou-se dela como se fosse um pacote velho de chicletes. Não estava com seu maço de cigarros em seu bolso esquerdo. Não, ele não fumava, “mas tem mulheres que fumam meu guri!”, ele sempre dizia. Era um amigo bom, mas não era tão confiável assim. Embora, nunca pudesse realmente fazer algum mal aqueles que chamava de amigo. Um cara pobre de alma e provavelmente está fazendo alguma festa no inferno. Não, caras como ele não vão pro inferno, mas passam as férias de verão lá. Lá estão muitas modelos de “estilo”. Ele não entendia muito bem as mulheres, mas ele sempre falava que não era preciso entender nada sobre esse assunto.

Eu me lembro que quando saía do carro acidentado procurei minha carteira, por um segundo tinha realmente esquecido quem eu era. Eu via imagens de uma infância que não parecia ser minha. Olhei para os lados, ninguém. Abri a carteira e nem precisei ler meu nome. Lembrei. Olhei dentro do carro. Nada. Andei alguns passos para trás, caminhei até um corpo no chão. Estava morto, com certeza. Por uma estranha ironia o seu maço de cigarros estava intacto. Dentro, guardava seu isqueiro Zippo, ele sempre achava que o Zippo lhe dava um ar elegante. Acendi um cigarro e esperei ajuda.

O enterraram numa cova barata. A mãe dele olhava para todos os “amigos”, “conhecidos” e “conhecidas” e seu olhar era de reprovação, para cada um deles. Eu nunca imaginei que ele tinha uma mãe.

5 de abr. de 2007

Muralha da China

Passo por minha morada, estou sentado numa confortável poltrona que se desloca velozmente nas curvas sinuosas. Não reconheço minha fortaleza, não sinto ela, não acredito que seja minha, que faça parte de mim. No caminho encontro vários amigos. Mas só cruzo por aqueles que conheço só por fora...Quem são eles mesmo ??? Fomos apresentados realmente ou estou apenas delirando ???
Sinto que não faço parte deste mundo, pareço estar deslocado nesta casta, estou perdido na estação. O expresso 222 passou, o 666 também. E, assim mesmo, sigo no meu fingimento, acreditando ser zen. Viva os budistas demi - sec ! Os Kerouacs burocratas, os comportados Keith Richards, os geniais Beto Jamaicas, os educativos Big Brothers. Não posso me esquecer do jornalismo verdade da Contigo, este sim é pura prestação de serviço...Ai, ai chega de ironia !
Estou negando meu charme, por que não quero me expor. Optei pela antipatia, esta ajudou a cimentar os muros medievais que criei, as máscaras que encobrem meus olhos, os cavaleiros que protegem meu coração, os yuppies que desorganizam meu cérebro, o bálsamo da aceitação que evita odiar a benção da burrice. Sou muito pouco. Mas, poderia ser muito. Isto me cansaria por demais, "...se fui rei, fui rei das chagas...", meu cadafalso onde está você ? Te procuro há anos, estás com o Wally ???
Gracias vieja !

4 de abr. de 2007

Numa Terra de Gigantes...

Tudo é tão triste. É tão desolador viver perdido nas mentiras, meias verdades, omissões, etc. Quantos mais descubro, menos sei. Assim funciona, maldita prisão filosófica. Somos apresentados a tantas perguntas. Até temos respostas. Mas, todas sem conclusão. Afinal, não passamos de um coro uníssono de verdades em separado. Jamais saberemos na totalidade o que se passa no nosso Mundo. A ficção tenta, bem que tenta nos mostrar a realidade. Mas, nos enganamos. Não suportaríamos encará - la de frente. Seria damasiado cruel.
Esta é a suprema ironia, glorificamos as "invenções" artísticas, quando na verdade, estas nada têm de fictícias. Os gênios tentam abrir os confins de nossas mentes. Tentam em vão, claro ! Até porque como Orwell nos lembra: A salvação virá dos proles ! Mas, ele e eu sabemos que os proles quando souberem que podem ser a salvação deixarão de ser eles mesmos. A verdade está na extinção dos colhões Bukowskianos. Ele alertou: vão nos sugar a coragem ! E nós, como sempre, fizemos ouvidos mocos para Uncle Charles. Pois bem, viva o século XXI ! Conseguimos finalmente nos entregar de corpo e mesmo de alma, que sequer existe.

2 de abr. de 2007

Pega no ganzê, pega no ganzá...

Eu li nos búzios que meus ascendentes são uma ficção criada pela numerologia. Estou rezando um pai nosso pro meu Buda. Tadinho dele, está tão puto da cara com sua mais nova encarnação. Ele voltou, no corpo de um burocrata da equipe da desgovernadora Crusius Credus.
Paguei o dízimo para a minha sinagoga. Meu rabino quer uma gravata Armani novinha em folha e, é bom que ele pague pela mesma, nem que seja com nosso dinheiro laico. Afinal, essa história de pegar artigos finos emprestados das lojas de grife nos Estados Unidos está ficando chato. Pelo menos, qualquer coisa, a Vovó Mafalda Sobel pode sempre pedir empréstimo, a não ser que a polícia federal esteja de mau - humor.
Sou um politeísta da monocultura do Inferno. Nossas mentes pequeninas são tão legais, os "Gulivers" adoram brincar com elas. Eles acariciam nossos cérebros com o ferrão cheio do veneno maniqueísta. Ainda bem que os tons de cinza não existem. São apenas e tão somente, lendas urbanas. Alguém aí viu o chupa - cabra ou foi pra Varginha no verão ?

Narciso

Eu sou tão lindo, eu sou tão belo. Estou tão apaixonadamente embevecido pela minha personalidade. Tão bêbedo por causa de minha inteligência...Só você que não nota, só mesmo você. Teus lábios seriam tão lindos e tão castos. Pena que eles já provaram muitos gostos, texturas, libidos, feridas.
A loucura nunca nos aproximou, au contraire, nos distanciou para sempre. Nosso autismo sobrepujou a vida à dois. Estamos reclusos em bolhas com proteção contra tudo que não for sectário e contra tudo que não seja relativo a nós mesmos. Agora que sou tão perfeito, só quero que a senhora jogue no chão este cálice cheio de alucinógenos. Vamos celebrar a minha estupidez. A dos outros não interessa, só a minha.
O espelho é meu fiel escudeiro. Ele sempre está lá a me admirar, você não ! Mas melhor ainda é minha mente. Discuto comigo mesmo. Discordo de mim muitas vezes, sempre estou me aconselhando, refletindo, apontando meus erros. Ah, o que seria de todos nós se não fosse a coragem. Maldito sentimento dos destemidos. A coragem que é tão boa pros que nada me acrescentam, seria por demais perniciosa para moi...
Já teria virado o fio, puxado o gatilho, esticado a carreira, fugido de casa...
Nós ainda vamos nos reencontrar. Vamos fugir juntos. Eu vou te salvar de ti mesmo, e tu farás o mesmo comigo... " ..e nem vou pensar se me chamar pra fugir contigo outra vez. Não vou pensar se amanhã a certeza será talvez.."