27 de dez. de 2006

Samba Apache

Tamborilando os meus dedos na tua mesa.
Balançando os meus pés no ar.
Coçando a cabeça por que o saco está cheio. Cheio de pensamentos que realidade não vão virar.
E é por isso que eu sigo este lamento para minha mente desanuviar...
Mas esquece esse baseadoo - ohoo, por que a ceva já está mais do que quente.
Jogue este fumo pela janela, por que agora me lembrei de outro repente...
Te liga aí nesse presente. Esse docinho que eu te trouxe é lisérgicoo - ohoo.
E de resto, minha vida segue um tédio, tédio, tédio !

16 de dez. de 2006

Geração Perdida

Com certeza a nossa geração criou uma nova maneira de transgredir, somos realmente inovadores. Não mudamos nada, não queremos que nada mude e não temos opinião formada sobre o que está acontecendo. Pode parecer nostalgia. Mas, porque diabos não temos a mesma vontade de mudança de juventudes anteriores ? Acredito que a falsa democracia em que vivemos facilita esta revolta pueril dos nossos tempos.
Infelizmente não mais transgredimos em pensamentos, expressão de ideais renovadores e rejuvenilizantes. A nossa quebra de paradigmas ocorre nos quartos e nas bocas de fumo. Nossa afirmação acontece fazendo sexo com a primeira pessoa que aparece ou bebendo e se drogando para fugir de uma realidade, que na verdade jamais encaramos. Queremos nos diferenciar brigando, assaltando, injetando. Somos os malucos mais caretas da face da terra. Afinal, não pensamos. Nunca contrariamos, debatemos, discutimos. Simplesmente nada sabemos. E isso é o conceito de bonito dominante no século XXI: O não saber ! O status é conquistado através da estupidez. Que tem como ponto alto o culto a beleza e à euforia fugaz.
Por acaso, você que está lendo isso pode dizer sinceramente que se diverte ? Pense bem, na verdade não estaria você atingindo o êxtase em poucos minutos de forma artificial e em seguida se condenando pelo que fez. Outro quesito fundamental é o ódio ao equilíbrio. Nos prendemos a um eterno eletrocardiograma emocional, ou estamos eufóricos ou depressivos. Por que não podemos aceitar o tédio. Nem tudo é vida ou morte. Vamos aproveitar os tons de cinza e deixar de lado o maniqueísmo do preto e branco.
Pode parecer pessimismo, e é mesmo ! Não temos vontade para mudar e sequer conhecemos o que nos cerca. Os poucos que demonstram esta ânsia pensativa acabam se entregando ou se escondendo. Quantos são os que cansam e largam tudo de mão, estes normalmente acabam num caixão, num quarto de hospital, numa clínica de reabilitação, etc.
Precisamos urgentemente dar uma guinada. Fazer um levante em favor do bem, do pensar, do querer saber, do amar incondicionalmente. Deixar de lado os defeitos alheios e tentar alavancar os aspectos positivos de cada um. Não podemos deixar a ignorância vencer. Vamos nos salvar, ou para sempre seremos lembrados como a geração que perdeu sem lutar

5 de dez. de 2006

Marteladas

Telefone toca. Olho para o relógio com certas dificuldades de foco. 9 horas da manhã. Era uma segunda-feira. "Alguém morreu", foi o primeiro pensamento que me passou pela cabeça. Levantei. Meu dente doía muito. O telefone não parava de buzinar. Não tinha alguém naquela casa (tão importante assim ao menos não tinha), para receber uma ligação as 9 horas da manhã...e numa segunda-feira. Cacete!

-Alô.
-Oi..adivinha quem está falando?!

Uma coisa que não suportava era adivinhações numa manhã de segunda-feira. Havia descoberto naquele instante. Eu fiquei quieto tirando uma remela dos olhos.

-É a Juliana. Como vai menino?!
-Não tão menino assim.
-Como assim?!
-Estou ficando velho.

Ela riu.

-Que tens feito da vida afinal?!
-Não muita coisa.
-Como assim?!

Tinha esquecido como ela era irritante. Nos conhecemos 7 anos antes desse telefonema inoportuno, ela tinha um corpo mais ou menos, mas tinha grandes e lindos olhos azuis, e lábios carnudos. Usava um perfume que me irritava as narinas e me dava nojo quando estava de ressaca. É difícil manter uma relação estável quando ela é um dos motivos pelo qual você vomita.

-Não tem muito o que explicar. Tenho dormido muito eu acho..

Meu dente doía muito. Estava com sede.

-Só um instante Juliana. Eu já volto.
-O.K

Fui até a cozinha me arrastando com uma impressionante dificuldade. Estava em dúvida se era uma segunda mesmo. A geladeira estava vazia. No fundo dela tinha alguma comida velha e uma caixa de suco natural. Quem comprou tal coisa?! Não tinha mais cerveja. Peguei o suco. Voltei ao telefone e sentei numa cadeira. Ela gostava de tagarelar. Ia ser uma manhã longa.

-Voltei..
-Sabe, eu escrevi um livro!
-É?!
-Sim, sim.
-Sobre o quê?
-Sobre minha vida.
-Egocêntrica.

Ela riu. Eu não tinha feito nenhuma piada.

-Esqueci como você era engraçado – ria ela de sua maneira irritante – eu sonhei com você dia desses.
-Ah é?!

Meu dente doía muito. Acho que tomei todo o conteúdo da caixa em um único gole.

-Sim.

Um silêncio seguiu-se. Eu estava ocupado demais em desmontar a caixa de suco para perceber que ela queria que puxasse algum assunto.

-Acho que te vi no centro um dia antes - ela disse afinal- Engraçado não é?
-Acho que não. Eu não saio muito de casa.
-O que?! Logo tu?!
-Sim. Logo eu.

Ela riu.

-Você está em meu livro, sabia?!

Meu dente doía muito.

-Como poderia saber?

Pedi licença e fui até o banheiro. Abri minha boca e a examinei rapidamente. Uma bola de carne viva estava escondendo meus incisivos. Doía muito. Deveria ir ver isso num médico. Abri uma gaveta de uma penteadeira que estava ali há incontáveis anos. Peguei o martelo e bati na testa três vezes. Cambaleei, mas não desmaiei. O sangue correu grosso pela minha testa e entrou em meus olhos. Cambaleei até o telefone.

-Voltei.
-Então?
-Então o que?!

Tinha esquecido a dor no meu dente. O sangue entrava em meus ouvidos, o som estava abafado. Não enxergava muito também.

-O que acha de estar em meu livro?
-Acho que deveria ganhar alguma coisa em troca, não?!

Ela riu. Não tinha feito piada.

-Sabe, tu foi a minha pior foda. De toda a minha vida.
-Ah é?!
-É!

Ela riu durante alguns segundos. Minha cabeça latejava. Minha visão voltara. O telefone estava repugnante, uma massa viscosa de sangue grosso o adornava. Parecia mais uma obra de arte do que um aparelho telefônico.

-E isso tá no teu livro também? – perguntei.
-Ah, claro que sim!
-Ah, bom.
-Isso te incomoda?
-Não. O livro é teu oras.
-Não. Ter sido minha pior transa.
-Não muito na verdade.
-É mesmo?
-Sim.
-Você pensa em mim? – disse na voz mais manhosa que conseguia.

Passei a mão na testa. Meu dente voltara à doer.

-Não.
-Não?!
-Não.
-Nem uma vez pensou em mim em todos esses anos?!
-Acho que não.

Silêncio.

-Estou namorando agora.
-Hum, que bom.
-Está namorando alguém?
-Não.
-Por que não?!
-Por que sim?
-Mas eu não gosto dele.
-Por que está namorando com ele então?
-Comodidade. Acho..

Silêncio. Tinha sangue dentro do ouvido. Não sabia se ela tinha parado de falar ou eu de ouvir.

-Ele não é tão bonito – disse ela numa voz trêmula- não quanto você.

Ainda ouvia.

-Mas, ele não é tão ruim quanto você de cama. Não é excepcional também.
-Poucos são – disse num bocejo.
-É. Acho que sim.
-Só um pouco.

Voltei ao banheiro. Mais três na testa. Cai no chão. Após alguns segundos, muito tonto, eu me levantei e voltei ao quarto. Levei o martelo por segurança.

-Que dia é hoje afinal?! – disse eu numa voz espantosamente grossa.
-Segunda, querido.
-Hum..
-Tu tinha um corpo incrível. Adorava seu corpo.
-Obrigado – disse eu na minha voz ainda irreconhecível.
-Tu não queres vir aqui?!
-Onde?
-Aqui em casa? Eu moro no mesmo lugar ainda.

Eu estava muito tonto. Senti vontade de vomitar.

-Eu odiava aquele perfume teu – disse – me fazia vomitar.
-O que te fazia vomitar era todas aquelas bebidas que tu ingeria querido.
-Não. Tenho certeza que era teu perfume.

Silêncio. Peguei o martelo.

-Mas, vem pra cá.
-Pra quê?!
-Oras, tu não sabe pra quê?!
-Não tens namorado?!
-Isso não te impediu da primeira vez. Te lembra?
-Não.

Era mentira. O namorado dela estava fazendo um teste para as forças armadas, há sete anos atrás. Ele tinha ido para o Rio de Janeiro, foi quando eu a conheci e lhe dei a pior foda da vida dela. Mas a negação encurtaria a minha parte da conversa.

-Hum. Mas, te lembra onde eu moro certo?! – disse ela na voz manhosa novamente.
-Não.
-Ai! Pega uma caneta aí querido.
-Peguei – disse eu com as mãos na cabeça e não pegando porra nenhuma.

Ela deu o endereço. Eu fingi que anotara. Ela deu uma leve risada.

-Tu melhorou um pouquinho não?! – perguntou a infeliz.
-Provavelmente não. Devo ter piorado se queres saber.
-Isso é possível?!

Ela riu.

-Tu vai passar aqui mais tarde, não?! – perguntou.

Senti que a conversa estava finalmente terminando.

-Passo. Passo sim.
-Que bom.

Silêncio.

-Bom – disse eu após alguns segundos- então mais tarde nos veremos.
-Tá querido. Só uma coisinha.
-O quê – suspirei.
-Você ocupa metade de meu livro.
-E daí?!
-Achei que deveria saber.
-Hum. Certo, certo.
-Beijos amor.
-Beijos.

Ela desligou. Ela sempre desligava antes. Eu deixei o telefone fora do gancho. Guardei o martelo. Joguei fora a caixa destroçada de suco de laranja. Deitei...dormi.

24 de nov. de 2006

Duas mortes...

AVISO: Nunca abram suas feridas...

- Duas mortes..Duas! Aquele homem ali teve...
- Duas?!
- Duas..
- Como se pode morrer mais de uma vez?
- A primeira morte foi quando sua alma negou injúrias contra seu orgulho..
- Como isso é possível?
- Talvez, por intermédio de algo tão grandioso quanto o céu..ou maior ainda..Ou pode ser uma tremenda falta de sorte. A questão é que foi assim que o acontecido se sucedeu...
- Enquanto à sua segunda morte?
- Quando uma mulher lhe tirou o orgulho..
- E agora ele está morto? Quantas mortes pode ter um homem afinal?!
- Esse teve duas e ainda respira..
- Pobre infeliz...

14 de nov. de 2006

Assombrações

Uma coisa que aprendi sobre assombrações. Elas são umas fudidas que sempre voltam!! Ou são incrivelmente sádicas ou tem um péssimo senso de direção! Em qual mar espectral não seria mais prazeroso afogar-se do que conviver com essas viúvas desalmadas em minha patética existência de acordar, escovar os dentes e reclamar sobre a vida?! É realmente NÃO TER O QUE FAZER! Malditos olhos verdes, devo ficar em casa e apodrecer debaixo de minhas pesadas cobertas que me isolam do mundo exterior?..Malditos olhos verdes!!

28 de out. de 2006

O Velho

“Escuta o que te digo”, disse ele, “eu só digo uma vez as coisas pois não penso muito bem, em termos de reprise sabe?! Eu realmente odeio, ODEIO coisas que se repetem..e deixe eu falar isso pra ti..vejo que você está cometendo os mesmos erros estúpidos que eu cometi na tua idade. Eu me lembro que eu fazia muita burrice quando minha barba ainda tinha uma coloração escura e conseguia ver através dos fios ralos a minha pele castigada por alguma doença epitelial, que nunca descobri qual seria, pois detestava a idéia de ir num médico. Como detesto agora, mas AGORA, não adianta mais eu ir num médico. O que irá dizer pra mim?! Que tenho pouco tempo? Que tenho que me privar de minhas já tão privadas ocasiões de breves e efêmeros momentos de prazer dito não-saudáveis? Mas a questão aqui mesmo, não é sobre mim..é sobre você! Eu te digo isso..estou velho e você não é tão novo assim, afinal quantos anos você tem? Já tem barba não é? Não pode ser muito novo.Antigamente quando um menino tinha barba ,já poderia morrer como um homem. Muitos nem chegavam a exibir um bigode de RESPEITO, sabe?! E é isso que precisamos ter em nossas vidas. Respeito. Não digo essas merdas pra tu respeitar os outros pra ser respeitado e blá-blá-blá , eu digo isso porque você precisa impor o respeito! Com a força se precisar!!! Porque sem respeito você não é nada. Mas, não é preciso você ter respeitos dos outros, vê?! Não digo pra sair por ai feito um louco cortando cabeças, não é isso garoto! Eu digo..respeito por você, sabe?! Entende?! Porque..eu te digo..uma coisa que eu realmente odeio, ODEIO! São reprises, sabe?! Então eu vejo de novo esse mesmo seriado sem graça e não tenho um controle remoto pra trocar de canal e minha bunda está tão grande, com tantos anos afundada nessa poltrona, acredito que sou um inválido bundão. Mas eu devo dizer..você está cometendo os mesmos erros que eu cometi quando tinha tua idade..quando eu tinha ainda uma coloração escura em meus poucos fios de barba. Sabe?! Eu realmente fazia muita burrice com essa idade..que idade você tem mesmo?! Não deve ser muito novo, afinal você já tem barba...”.Alguns minutos de absoluto silêncio na frente do espelho.

11 de set. de 2006

*

"Liberdade artística!", gritei. Todos riram na minha cara...

*

15 de jul. de 2006

Rotatividade...

Mundo diversificado pela monstruosidade intelectual dos poucos que sabem ler. Regurgitado em periódicos velhos e tão tolos quanto os anteriores, que nada informavam sobre o absoluto nada. Interessante apenas observá-los, claro que a uma distância segura, como se fosse uma bomba. Tolices também são armas e devem ser tratadas como tais.
Segurava uma pilha de nervos quando me ofereceram um prato de sopa. Recusei por costume. Nunca se deve aceitar o primeiro prato de sopa que lhe oferecem, uma das poucas coisas que aprendi na minha vida. Sem ter o que fazer com os nervos que carregava (e que causavam um certo espanto aqueles que trafegavam pela mesma rua que eu), resolvi escondê-los em um lugar seco e protegido do calor.
Aquela tarde tinha um cheiro de noite chuvosa. “Como saber o cheiro de uma noite chuvosa?”; você me indaga. Eu digo apenas o que meu velho dizia “existem tantas coisas que sei sem saber, que não faz sentido em querer saber o que sei”. Eu na verdade nunca parei para pensar no sentido dessa frase, mas serve para deixá-los confusos e assim eu deixo de ser indagado. Segunda coisa que aprendi na vida, nunca deixe ser questionado, sempre questione antes, desarmando o inimigo você o deixa em uma situação tão baixa quanto a que você se encontra, só que eles não estão acostumados.
Adaptado ao meu novo mundo real (virtualmente falando), corri para pegar um ônibus. Lotado. Deixava minha perna roçar nas coxas da loira que ao meu lado estava, ela me olhava com desprezo e eu retribuía com um sorriso anêmico. Isso a desarmava, talvez pensasse que eu não fazia por gosto. Um ônibus lotado é algo realmente “não natural” diga-se de passagem. Duas paradas antes da minha, a loira sumiu no meio dos “homens sardinha” e talvez seria melhor que ela esperasse para descer no supermercado (todos sabem que no supermercado o ônibus esvazia). Apenas 3 paradas dali. Uma caminhada tranqüila. Se a preocupação da moça era minha perna, ela ganhou outros motivos para se preocupar no meio dos “homens sardinha”. Pobre mulher. Deveria estar com pressa, não sei. Aprendo a não julgar (antes do período apropriado é claro). O ônibus pára. Todos estão descendo, cardumes seguem a queda d’água.
Desço no supermercado e compro nervos.

1 de jul. de 2006

Monotonia...

Desiste dos teus conceitos absurdos sobre sadomasoquistas europeus que concedem entrevistas por trocados e se auto intitulam “motivadores”, trabalhando “pró-sistema” e enclausurados por materiais incompreensíveis e falhos. Gritam ordens em operações distintas sobre qualquer teorema recém criado e portanto não questionado. Questione-se, vale a pena estar no meio dessa floresta melancólica em que sua sombra se confunde com outras tantas e não estando mais apto a reconhecê-la?
Meus dedos fedem a cigarro, meus dentes trincados pelas garrafas da noite anterior, um gosto de cerveja envelhecida persiste em perdurar. Tanta monotonia realmente transforma a vida num saco...extenuante..realmente...um saco... Mas me alegro, tem reunião dos meus vários “eu’s”, estamos a decidir qual caminho devemos seguir, planos para hoje, palestra motivadora de Carlos Alberto Parreira ou discussão sobre a queda da bolsa..realmente e francamente...um saco!!! Enquanto isso, a garota que curtia ficava com outro enquanto outro “eu” perdido e não-contribuinte, tropeçava em sua língua..se ao menos servisse para pegar moscas....

13 de mai. de 2006

O Mundo modificado (Parte 3)

“...se quiser sobreviver na vida, tem que aprender as regras do jogo lá fora.A vida não tem regras.Sociedade as tem, ou as regras têm a sociedade? Você sente que vive pra vida ou para a sociedade? Eu pessoalmente não me acostumei com as regras, mas me sinto confortável em dá-las a alguém. Sempre existirá alguém para você mandar..Essa é uma regra! Lembre-se onde está pisando apenas e jogue o jogo..Ou então o mundo vai te devorar...”

8 de mai. de 2006

O Mundo modificado (Parte 2)

“...não é que eu tenha inveja de meus amigos, na verdade a última coisa que queria era uma vida chata, sem emoção.Envelhecer antes do tempo...Estar casado antes dos 20 anos para mim é uma perda de tempo...Quem eu quero enganar afinal? Era tudo que eu queria, um grande jardim, com uma piscina de borracha no meio, um cachorro vira lata mijando no jornal de domingo, uma esposa linda e carinhosa, um emprego..Uma vida normal é o que eu quero ter agora no momento..Mas mudo de idéia tão rápido quanto de temperamento.”

23 de abr. de 2006

O Mundo modificado (Parte 1)

“..o mundo modificou-se, expandiu seus horizontes...E os seres humanos racionais (em sua razão) acompanham esse mundo. Todos que conheço, ou pelo menos aqueles estabilizados emocionalmente, todos estão vivendo suas vidas em pares. Quando se tenta ser ímpar é difícil achar seu complemento. Afinal, quem iria querer viver ao lado de alguém que não se encaixa? Todos nós seres humanos e animais possuímos um cérebro, para raciocinar ou não..Isso não importa na verdade, mas nossos instintos estão resididos ali, na parte mais letal para o humano. Ali é nosso “coração”, é ali que está o amor. Esse cérebro de um ser que tenta ser ímpar, é um cérebro aleijado. E todos sabem as dificuldades que um aleijado enfrenta.”

2 de abr. de 2006

Experiência própria (Nunciatura)

“...Neste mundo você recebe aquilo que você dá. Sei que me acha um amontoado ambulante de chavões, mas o motivo de os chavões serem verdadeiros é que nenhum de nós é original, entendeu? As nossas experiências não são nem um pouco exclusivas.”

Ethan Hawke.


A vida é feita por milhares de breves momentos, a glória é fruto da mesma árvore da derrota. Nossas vidas são governadas por simbolismos tolos e infantis, das quais nos recusamos a absorver. Todos nós somos criaturas de nossas próprias invenções e prisioneiros de nossos atos.
O que resta a nós, sobreviventes desse plano? Somos conformados com o fim, entendemos a morte como algo tão natural quanto o passar dos segundos. Temos medo do fim, mas, entendemos que tudo tem um fim. Que diferença fará se o mundo acabar amanhã? Ou eu ter um ataque cardíaco? A vida é curta e a morte já nos reservou uma passagem quando nascemos,então, qual o problema? O que ocorre em minha (em nossas) mente(s)? Por que não mudar e tentar ser nós mesmos?
A questão não se resume apenas a um copo meio cheio ou meio vazio. Ser pessimista ou positivo em relação a algo não muda em nada nossas vidas, as circunstâncias é que ditam as regras. Às vezes posso estar sem sede mas com vontade de me embriagar. Um copo vazio é o que nos resta no final, o mesmo destino de todos os copos, não importando estarem metade cheios ou metade vazios, todos estarão em breve vazios.

3 de fev. de 2006

Roleta Russa

Sinto-me vazio..Nenhuma inspiração,nem uma vontade. Desisti de ter alegrias e isso afasta de uma estranha maneira a tristeza também.Quando desisti de reagir não precisei ouvir e depois responder. Hoje me sinto preso a esta condição.
Estar vazio, embora fisicamente impossível e também de certa forma incompreensível, não é uma afirmação que cause espanto a alguém. De certa forma todos nós estamos ou já estivemos vazios. É a peça de união entre todos os seres pensantes e por conseqüência “sentintes”, mesmo que varie a intensidade entre segundos,minutos,horas,dias,anos e alguns durante a vida inteira.
Conceito confuso?..Mais confuso que afirmar estar cheio, quando linhas acima ,afirmava estar vazio..é possível estar cheio de estar vazio?
O meu estado natural de espírito é podre. O espírito é o condutor do corpo, e não ao contrário. Quem tem o espírito livre e limpo conseguinte é uma boa pessoa, sendo sua força interior o seu manipulador. Porém existe sintonia em condutores parcialmente cegos? Encontro alguns em várias ocasiões e encontro o meu também nessa situação. Além de cego e ter sangue nos tímpanos. Triste figura que não escuta, não enxerga e desde nascido é mudo. Inveja,ganância,preguiça, hedonismos..tudo é encontrado nessa mistura moderna de “pseudo-eus” e marionetes mal informados e guiados..Na realidade estar em constante paranóia de você mesmo é um tanto egocêntrico. E só de perceber tal insanidade, rotulo tal como se fosse falsidade.
É possível se perder em suas próprias fantasias,digo, não é nada difícil. O cérebro é tão complexo e vulnerável que se atingido por constantes “brainstormings” nossa mente confusa por natureza transforma-se numa bolha de sabão. Todos sabemos o fim trágico de uma bolha, mas será que paramos para considerar os fatos? Uma tempestade cerebral tem proporções catastróficas, pois a caixa de Pandora quando aberta soltou seus vírus mais mortal, a dita sabedoria. E a sabedoria será o motivo de nossa extinção.
Como separa seu “eu” racional, do “eu” experimental, das suas outras tantas partes?
Sinto-me louco,mas não insano. Acredito que existe um equívoco em nossa língua e maneira de pensar. Um louco é aquele que abraça a loucura como sua religião oculta, segredo que não pode ser revelado até sua maturidade intelectual. Um louco é aquele que se opõe. Não aquele que pensa diferente,apenas aquele que pensa. Pois se notar em sua volta veria que poucos ali realmente pensam. Já o insano foi aquele atingido pela loucura enquanto estava distraído e de costas. Cabem aos insanos servirem apenas de seguidores, fanáticos,religiosos e idosos de todas as idades que esquecem de onde vieram e qual seu propósito. Os insanos acabam em casas de detenção, manicômios. Viram “dignos” pais de famílias e têm seus empregos confortáveis e seguros, com trajes semelhantes, todos devidamente uniformizados. Uniformes não são somente vestimentas, o conceito de soldado é triste unicamente por significar ser apenas mais um. Enfim, insanos são aqueles que conhecemos e temos carinho por alguns também. São todos aqueles nocauteados, apenas mais um e não UM.
Estar vazio,complexado,abandonado, sentir-se inferior ou superior, transforma a vida do andante em uma roleta russa. A diferença está nas regras do jogo. Diferente da maneira dos insanos, que odeiam odiar mas não querem arriscar. Os loucos são aqueles que carregam o tambor e retiram apenas UMA bala..
O tambor gira...agora espero para puxar o gatilho.....

16 de jan. de 2006

A negação

Quando era pequeno, acreditava que se eu tinha um sonho e realmente acreditasse nele com todo meu coração, Deus o iria conceder pelo poder da minha fé. Eu orei por tantas coisas sem sentido, e como uma criança que não sabia o que desejar, desejava tudo..mas nada aconteceu...
Anos passaram, minha fisionomia modificou-se, ainda jovem, ainda acreditando.Nessa época, Deus estaria sobre medição e avaliação pela minha arma que seria a mais letal para todos os envolvidos de alguma forma com minha vida, minha racionalização..Ser racional não te traz nenhum conforto, te traz confrontos. Comecei a questionar o poder absoluto e questionar existência ilógica de um “Ser” que nunca era ou é..Ou seja, apenas existe e ao mesmo tempo não.Ilógico mas apaixonante para aqueles que tem fé.
Fé não é algo extremamente maligno como prego hoje em dia, se suas ambições são pequenas você não tem fé,você tem algo um pouco menor que a esperança. Você acredita, mas não com a paixão e a entrega que é preciso para alguém que almeja o inalcançável,alguém que realmente espera pela intervenção divina que irá mudar sua vida para sempre. Você apenas acredita por ser confortável acreditar, algo como passar num vestibular ou acreditar naquela promoção que com certeza é algo importante mas NÃO é importante aos olhos de Deus.Mas o amor,eu me arrisco a falar que se não existir intervenção divina nesse único (talvez) sentimento mais puro e irracional que um ser humano pode ter, então esse Deus não tem o amor necessário para com seus filhos. Pois é um único sentimento que você não consegue evitar, ninguém escolhe por quem vai se apaixonar, por quem vai encontrar um dia numa esquina qualquer, ou no trabalho, ou na escola e por causa de horas,minutos ou segundos, aquele dia ficará para sempre gravado em sua mente. Existe esse amor incondicional, capaz de ser totalmente cego às nossas necessidades, ao nosso objetivo emocional? Um amor é capaz de ser platônico, ou deixemos isso para os lunáticos?
E foi por causa de UMA desilusão, não amorosa, mas decorrente dessa desilusão que todos meus princípios foram modificados e moldados, pois nossas feridas ensinam mas nunca irão cicatrizar. Admito minha culpa em tudo que fiz de errado, e tive todas as oportunidades para arrumar.Mas ai que entrou a maldita intervenção divina. Eu não presto, sei muito bem disso. Não sou aquele rapaz que uma garota gostaria de apresentar ao pai, eu sou o cara que estava lá apenas para não estar. Hoje acredito nisso e acho bom, Deus faz um condenado pela causa, e a história (bíblica) nos mostra isso. E eu fui aniquilado, eu tive todas as cartas em minhas mãos mas algo aconteceu. Em vez de sim disse não. E foi isso que aconteceu..Não uma, mas duas vezes..E isso não é uma metáfora, isso foi real. Neguei a quem amava..Duas vezes!!Se fossem três ficaria paranóico pensando que era um personagem bíblico, ai então minha persona estaria completa não?! Além de paranóico isso somaria minhas grandes qualidades que vão de um ser hipócrita, pseudo-intelectual, chato até breves e raras qualidades aproveitáveis...
Enfim, o resumo é que eu falhei, mas falhei? Ou será que fui um marionete? Mania de grandeza? Acho que não, pois uma maçã podre estraga todas as outras do cesto, ou como está naquele livro sagrado (você colhe o que planta). Será que é possível eu colher algo que ainda nem havia semeado? Pois após a minha falha, minha fé permaneceu, eu acreditei, rezei, implorei..E nada aconteceu, pensei então se é o melhor pra ela, então faça o que quiseres.
Aqueles que não sabem o que é ser tão sozinho deveriam ser proibidos de se sentirem tristes, pois são falsos em seus sentimentos. Reclamar por reclamar, chorar por ter o costume de se aborrecer não faz de ninguém triste, e se você se aborrece por tão pouco você deveria se envergonhar. Pois quem ama e é amado nunca está sozinho.
Estou hoje um pouco mais velho, um pouco mais munido também é verdade..mas estou cada vez mais triste e sozinho à medida que o tempo passa, com cicatrizes que nunca saram.Meu coração sangra e a única maneira de não sangrar até a morte é abandonando aquilo pelo qual eu me entreguei de corpo e alma, aquilo em que eu não apenas acreditei ou tive esperança..Eu abandonei aquilo pelo qual tinha FÉ..pensando agora..acho que essa foi a terceira negação que faltava..Neguei o amor, e quando o ser humano nega isso, está morto..Onde está Deus? Em nenhum lado da guerra isso posso afirmar...