26 de jan. de 2007

A festa

Ele a amava, não restava dúvida nisso. A amava profundamente, tanto quanto alguém podia amar uma pessoa.
Ela era linda, lindos olhos castanhos claros, olhos que mudavam de cor. Seus cabelos tinham um brilho incomum , eram maravilhosos. Seu rosto e seu corpo pequeno lhe atraiam pelo simples fato de apresentar uma fragilidade surpreendente, mas, ela era o oposto do que sua aparência mostrava. Era decidia, forte e espirituosa. Isso lhe atraía e muito.
A vida prosseguiu, ela estava vivendo da melhor maneira que encontrara. Ele estava estagnado. Nunca fora um grande aluno, nem um filho, nem amante, nem em nada que ele se propunha em participar. Estava perdido, então. Ele a viu. Ela não o viu. Estava completamente diferente do que lembrava. Mas, sentia, a essência ainda estava ali. Guardada. Como um segredo do qual somente ele soubesse. Naquele instante ele soube. Soube que ela era muito boa para ele, soube que ela estava compromissada e nada a faria trair tal relação de confiança e carinho. Ele soube, naquele momento, que não tinha feito nenhum impacto sua ausência na vida dela. Ele soube.
Ela vestia um lindo e longo vestido azul, seus cabelos estavam presos, maquiada. Antes dessa noite, ele nunca a vira maquiada. Estava linda. Não apresentava nenhuma fragilidade. Transpirava uma segurança que poderia chegar a ser ofensiva. Mas não. Ainda era ela, a mesma. Seus olhos ainda mudariam de cor quando ela chorasse ou quando fizesse um dia lindo e claro de sol. Ela ainda tinha aquele cheiro. Aquele cheiro que lhe ocupou seus sonhos durante tantos anos. Seu sorriso ainda era real, impressionantemente real. Era boa demais para ele. Realmente era boa demais para ele.
Ele a amava, não restava dúvida nisso. Ele não ostentara nem um terço daquela luminescência que ela tinha. Nem um terço.
Ele a olhou, ela não o reconheceu. Nem poderia, eram muitos anos. Ela o tinha esquecido completamente. Então, ele sorriu.

16 de jan. de 2007

Bem - VIndos a Minha Megalomania

EXPLICAÇÃO PRÉ - TEXTO: Este texto tem pouco mais de um ano, foi escrito num acesso raiva. Em uma de minhas várias crises nesses meus 19 anos. Porém, agora estou vivendo uma crise amorfa. Aquela foi ruidosa e ao me deparar com este texto em um caderno senti saudade da minha indignação de outrora. Eis o texto:

Estou muito cansado, cansado de ver os ignorantes prosperarem, cansado de vê - los com um largo sorriso de orelha à orelha. Maldita mania de pensar, maldita mania de saber, maldita mania de contestar e querer melhorar. Ah, se eu não pensasse, aí eu não teria problemas. Pois, não os veria.
Por quê a minha revolta e o meu mau - humor são ruins e por quê a felicidade sem sentido deles é tão boa ? Seria eu o errado ? Ou seriam eles estúpidos demais para perceber a sujeira que nos cerca ? Enquanto partilhar a Terra com eles não serei feliz. Não, não adianta. Não vou me moldar para vocês. Eu serei o que sou, um ser pensante, contestador, colérico, irascível, por vezes delirante, prepotente, pedante. Mas, sou eu ! E você, é você ?

14 de jan. de 2007

Lições de 20 anos.

Um exercício de sinceridade. Ocultarei o "nunca aceite o primeiro prato de sopa que lhe oferecem" ou algo do tipo "por que o ser humano tem a necessidade de escrever aquilo que ninguém nunca irá ler", sem metáforas dessa vez. Ou melhor, usarei o mínimo possível.

Eu me sento na frente desse computador e minha "alma".. sem metáforas, eu prometi, recomeçarei.. Eu me sento na frente desse computador e percebo que estou puto da cara comigo mesmo. Eu estou aqui, afundando lentamente nesse sentimento de arrependimento e sinto essa profunda decepção em minha vida. Eu não fiz nada dela. Realmente nada. Mas, como posso aprender sobre a vida? Se meus tantos professores que passaram brevemente por ela, nada me ensinaram a ser.
Em um colégio que estudei, o pior de todos. Eu apenas sentava numa cadeira. Eu fazia algumas provas sobre pontes de hidrogênio, logaritmos, gramática. Li livros que me fizeram por anos odiar a literatura. Tive que ouvir quieto as orações, cortaram meu cabelo, me colocaram o uniforme. Eu fiz tudo isso, e não foi uma experiência tão traumática por si só. Mas eu agonizava por viver, eu queria muito estar vivendo. É difícil se expressar sem ser por uma metáfora, o que é a vida? Não estaria numa classe de filosofia, sentado quando me perguntassem isso.. o que é a vida?! Eu posso fazer um exercício de livre pensamento, para mim, a vida deveria ser aquilo que nós realmente construiríamos, se nós realmente, sem escapatória, vamos morrer.. deixem eu construir meu próprio caixão... deixem eu simplesmente tentar ter minha própria vida. Mas a "vida" aqui seria apenas uma metáfora como tantas outras que insisto em gritar.. digo, que insisto em escrever. Qual a beleza que existe numa vida de alguém? Sendo realista, "cru", como o mundo nos inspira ser? Tudo bem, o serei:
O que é a vida? A vida é nascer, nascidos pouco tempo depois entramos num colégio, aprendemos as matérias que todo mundo que vive e respira um dia aprendeu ou aprenderá. Útil aqueles que querem ter um salário digno. Se você é um pobre coitado, como a maioria de nós, sem dom algum ou esse dom foi arrancado de você por simplesmente te subtraírem no meio de uma massa, o resultado é o mesmo. E esse resultado é uma vida. Se realmente tiver sorte, você encontrará nesse meio, algumas pessoas que lhe darão motivos para levantar-se de manhã e com muito mais sorte alguns tutores que farão a diferença no seu mundo, talvez aprenda algo no final. Algo mais importante que o ponto de fusão do etanol. Mas, essa resposta tem várias fases quando se responde realisticamente. Para ser honesto, completamente honesto, só posso responder aquilo que vivo, já que é um exercício realista, como responder aquilo que nunca teve oportunidade de viver?
Outra fase: crescer, virar adulto. Não, responsável, apenas adulto. Barba, irritações, problemas médicos, vestibulares, brigas constantes naquele lar que um dia você apenas contentava-se em sentar na grama e brincar com seu cachorro enquanto o sol da tarde lhe queimava a pele. Tudo isso parece ser tão antigo e irreconhecível. O espelho reflete sua imagem, e você nunca gosta do que vê. Algo te chateia profundamente e aquele sentimento de "um vazio" ou um "buraco no estômago" te faz chorar. Talvez, isso seja vida.
O único professor, digno do significado dessa palavra, que um dia conheci, uma vez disse algo que ficou perpetuado em minha cabeça, "o que vocês aprenderão aqui, não servirá lá fora. A vida é muito mais do que simplesmente vir a escola e copiar a matéria que o professor passa no quadro". A maioria de nós não lhe demos o valor e o respeito. Eu sinto vergonha nisso, porque eu pensava e sentia exatamente daquela maneira. Não nos ensinou nada novo, mas, ensinou a perceber o que precisava ser percebido. o que nenhum outro educando fez.
O que é a vida? A vida é metáforas, a vida significa uma reunião de diferentes tipos de sonhos, mas, deve conter ações nela também. Nós erramos. Todos nós erramos, a diferença daqueles que realizam algo de importante em suas vidas é que eles voltam atrás, refazem aquilo, mudam a si mesmos, melhoram, vivem!
A vida, é apaixonar-se e ter certeza que ninguém ama tanto aquela pessoa quanto você, a vida é dar de cara contra um muro, é cair bêbado de um morro, é sentir o gosto da sua comida favorita, é querer ditar as regras do jogo e não poder. A vida é ter decepções, cicatrizes que nunca irão curar totalmente. É ficar fraco, mas, paradoxalmente, incrivelmente forte. É chorar, rir, magoar. É passar trote, fazer besteira e ser pego algum dia. É contar mentiras inocentes, é ser pego numa mentira séria. É perder amigos, parentes. Mas a vida não é só isso. É tudo aquilo que você quer que seja, ou ao menos, tenta. No final de tudo, as únicas prestações de contas que devemos fazer é para nós. Unicamente.
E agora, vejo tantos amigos e amigas, preocupados com esse vestibular e seus futuros.. e pensar que nós ainda temos 20 anos.. e ninguém sabe responder "o que é a vida". E essa é uma das respostas que ficam mais difíceis a medida que os anos passam.

3 de jan. de 2007

Sobre as regras do absurdo

A mente, somente mente..mente demais...as mentiras voam e cortam as cabeças de todos aqueles ignorantes que não sabiam da profundidade do abismo em que se lançavam alegremente, como se fosse uma simples recreação para a alma aturdida..A vida voava junto com todas as mentiras e minha mente ainda alimentava-se por mentiras..minha mente..mente..mente muito pra si..
O mundo talvez necessite de sonhadores, mas sonhadores não fazem o mundo um lugar melhor, e sim, fazem dele um lugar de necessitados. Talvez todos nós herdeiros da solidão eterna nos juntemos um dia e enfim deixemos de ser humanóides solitários e desprovidos de decência filantrópica. Mas nunca temos tempo para os outros, o tempo não pára pra ninguém, por que deveríamos parar para dar um tempo? As horas em minha infância duravam horas, os minutos de minha adolescência passaram enquanto eu cochilava..os segundos de minha vida adulta estão passando neste exato momento. A infância passou tão apressada, a juventude nem foi sentida e minha vida adulta não se mostra tão amadurecida quanto deveria..ou será que deveria?!
Minha cabeça anda doendo demais ultimamente..talvez eu tenha pensado demais em não pensar de menos, ou talvez, o simples fato de pensar faz com que uma mente adormecida acorde mal humorada e com mau hálito , sua única vontade é voltar para a cama de onde foi arrancada com força desproporcional, apenas para responder questões levianas e mal estruturadas ideologicamente. Ela quer descansar, a mente preguiçosa é egoísta, assim como seu dono. A mente não entende, não sabe a resposta certa, inventa..a mente inventa uma nova resposta..a mente..ela mente...e muito...mente muito pra si. Minha mão obedece a uma regra pré-determinada, escreve o que a mente dita, a mão é uma pobre escrava acéfala, seu objetivo é obedecer. Dê-me 20 minutos e te escreverei milhares de absurdos travestidos em palavras, e em apenas 10 minutos os absurdos viram realidade. Mas o mundo, esse sim, me parece um absurdo criado pela mente de ALGUÉM que não tinha mais nada pra fazer, agora arruma! Enquanto isso os meus olhos absorviam todas aquelas frases rabiscadas numa parede, que antes branca, nada tinha para se ler.

1 de jan. de 2007

Bem - vindos ao sétimo ano do Pseudo - Novo Milênio

Pois é, já estamos vivendo 2007. Quem diria, estamos quase completando uma década do novo milênio, do século XXI. Para os antigos, que sempre tiveram o ano 2000 projetado para ser um espetáculo tecnológico estilo "Guerra nas Estrelas", devem estar decepcionados. Afinal, o grande marco desta década até então, vem sendo o isolamento das pessoas e o individualismo cada vez mais exacerbado por parte de todos. A melhor definição para o novo milênio até o momento é do escritor escocês Irvine Welsh, em seu ótimo livro Pornô. No qual, ele setencia que a palavra de ordem nestes dias é "pseudo". Esta frase, é digna dos axiomas dos grandes pensadores da história da humanidade.
O Mundo nunca foi tão repleto de meias verdades quanto nestes tempos. Temos um medo danado de não sermos aceitos e inclusive nós mesmo não nos aceitamos. Então, criamos várias facetas. Para agradar o maioro número possível de pessoas. Óbvio que tudo fica pela metade. Já que nossas personalidades estão mais próximas duma colcha de retalhos do qualquer outra coisa. Outro problema grave encontrado é demonstrar conhecimento. Afinal, o bonito hoje é ser ignorante. Não falo de burrice. Afinal, os "espertos", os malandros seguem sendo astros em nossa sociedade. Mas, essa história de ler, se informar, ter opinião, ter ideologia política, isso não tá com nada entre a juventude "new millenium".
O triste é que em geral, não se percebe que esta gana por agradar a todos cria uma enorme superficialidade nas relações. A futilidade nunca esteve tão em alta quanto neste momento. E futilidade, mesmo ! Vivemos a seguinte situação, o que era papo sério inexiste. As conversas superficiais, hoje são surpreendentemente cabeças e as conversações normais são inqualificáveis, versam sobre o nada, parecem conversa de bêbado. E afinal de contas temos medo do quê ? O que é melhor, desagradar alguns. Mas, ter relacionamentos sólidos, ou conhecer 999 "amigos de orkut", sem que nenhum destes valha a pena ?
Enfim, espero que em 2007 todos façam um esforço para diminuir o verdadeiro baile de máscaras que são as relações interpessoais. Chutem o balde, não finjam. E possam com tranqüilidade se abrir com aquelas pessoas da sua confiança. Por um ano mais verdadeiro e solidário escrevo este texto no primeiro do ano. Abaixo aos "pseudo - amigos", as omissões, as verdades fantasiadas e aos contos que vão ganhando novos pontos no meio do caminho.