6 de jun. de 2009

Sobre as leis das probabilidades (de te fuderem sempre)

- Quinze! Vai parar ou vai continuar?!

Filho da puta, fica aí todo grandão só porque não é o dele que tá na reta. Não posso mais sobreviver de fiado. Quando comprei minha primeira mercadoria fiado eu paguei no dia seguinte. Depois vai relaxando, quando se vê, tá na merda. Nem um pacote de pães você consegue lograr.

- Quinze!
- Manda!

Que jogo estúpido, que jogo estúpido.

- Cinco!

Ele já ia dar por encerrado, ia virar as cartas. Esse merda armou a última pra ele, eu tinha certeza disso. Aquela última carta eu VI! EU VI! Ele tirou de baixo do baralho. Eu que não sou tapete velho já fui pra cima. O problema de enfrentar essa bocas brabas sozinho é que não tem ninguém pra te ajudar a segurar os amigos deles.

Porra! Eu tinha vinte! VINTE!

O filho da puta estava com um doze naquela maldita mesa e aquela cartinha que ele tirou de baixo do baralho ia fazer a diferença. Filho da puta!

Joguei toda a minha grana na mesa e insultei o cara, chamei de frouxo e covarde. Desafiei o sacana a pegar uma carta de cima do baralho. Obviamente ele não quis. LADRÃO! Lutei novamente. Me derrubaram. Então resolvi que não valia a pena perder meus dentes. Queria ver aquela carta, eu sabia, ele tinha sacaneado. Virou a carta:

- Oito!

É assim que eles te deixam sem grana. Agora eu não sabia se ele armou a próxima jogada ou guardava a carta certa pra me pressionar. E naquela altura eu não podia simplesmente bater na mesa. EU DEVERIA, mas NÃO QUERIA!

Eu pensei. Tentei ser racional. Ele cortou esse baralho em dois. Provavelmente dividiu ele em dois na hora de embaralhar e manipulou com as cartas necessárias para um empate. O que ele NUNCA faria, é deixar o Ás na próxima, vai que eu sou um maluco que acredita na sorte? Não, ele deixaria um seis ou algo violento como um valete e ainda iria rir de mim. Se eu bater na mesa, ele dá um jeito de pegar aquele Ás pra ele. Eu me fodo legal. Pedir um baralho novo está fora de questão. Isso é só em filmes ou em jogos decentes. Eu tirei a conclusão que eu estava onde nenhum homem na madrugada gostaria de estar. Num lugar que te deixam fudido.

Pulei na mesa e tentei acertar um chute no queixo do infeliz. Eu iria perder, mas ia com estilo.

Apanhei. Me acalmei e sentei na cadeira de novo.

- Manda logo esse valete, ladrão – eu disse.

Ele riu e lançou a carta. E era um maldito valete de copas.

A casa sempre ganha.