6 de set. de 2007

Rádio

Sentado em um dos bares da rua da praia tomando sua cerveja calmamente. Na verdade, mais preocupado em observar aqueles que por ali passam. Como de costume enquanto bebe, lê. Esse vai ser mais um livro que não vai terminar, vai ler um capítulo, talvez dois e parar. Ele se deixa ficar preso por uma metodologia criada por si próprio e essa amarra conduz seu dia-a-dia que não faz jus a sua capacidade. Absorto em pensamentos ele quase não pensa no que vai responder pro garçom, seu velho conhecido, sósia do irmão daquele cara que eu sei, ele sabe, tu sabe e vocês não sabem.
Ainda se pergunta por que traiu sua ideologia por causa de uns trocados. Mas afinal, o que essa ideologia lhe deu? Dor, só dor. Seu mundo é impossível e nem aqueles que supostamente defendem o seu mundo lhe ajudaram. Por vileza do destino só seus inimigos lhe estenderam a mão. É sempre assim! Não consegue respostas, erra e sabe por que. Mas não muda. O que está acontecendo? Por que a derrota, se a vitória seria tão fácil? Talvez, seja a necessidade de fazer humor com sua própria tragédia, deve ser por isso esse momentos comédia pastelão.
Amanhã nada vai ter mudado, vai chegar em seu trabalho, em cima do horário como de praxe e repetir seu discurso ensaiado quando fizer a tradicional saudação comicamente ameaçadora que faz tremer os homens de pouca fé! Sua carga horária se destina a cumprir seu papel. Ser apenas mais um personagem desse cotidiano à lá Praça é Nossa. Personagem essa que um dia interpretou por acaso e não mais conseguiu se livrar da maldita. Maldita, mardita! Sempre ela! Se não fosse a cachaça... Medo de vencer nos impede de ganhar.