21 de ago. de 2007

Língua de Sogra

O meu remédio favorito para cicatrizar feridas sempre foi o álcool, deve ser por isso que no sábado comecei a ingerí-lo logo a uma e meia da tarde. Tá certo que o álcool sempre de uma forma ou outra é encaixada na minha rotina, não existe papo sem ele, não existe festa, comemoração, etc. Bom, nesse sábado eu estava precisando mesmo...Fazia muito tempo que não ficava um sábado inteiro longe de casa, mas não tinha outro jeito. Felizmente, depois de alguma procura encontrei quem me acompanhasse no tradicional ato de afogar as mágoas. Andando meio cabisbaixos pela Cidade Baixa, notamos que não há bares abertos. Então, fomos pra Lanchera. Atravessar a Redenção em um dia chuvoso é de fazer o mais valente tênis tremer, pobre Puma surrado.
Conversa vai, conversa vem e eu provando mais uma vez meu dom em consolar os outros. Sim, eu numa merda, consolando outra pessoa, típico. Eta nuvem negra! Bom não posso reclamar, o papo foi bom, muito bom. Até risadas dei! Logo eu que não mostro muito os dentes. Fui apresentado a uma agradável livraria ali na Garibaldi, quase no Pietro, um ambiente classsicamente pseudo-intelectual, casinha de madeira, livros novos de editoras estranhas, som bacana, mesinha para chá, etc. O problema de quando fico mal é que meu lado consumista aflora. Saí mais pobre do recinto, fazer o que? Afinal, não posso dispensar um Kerouac novo - uma peça - um Caio Fernando e claro um Fante.
Às vezes coisas parecem cair do céu. Eu em uma festa de criança? Pois é, que momento interessante. Voltei alguns anos no tempo e lembrei dos meus aniversários. Retornei a realidade e vi aquela vivacidade infantil, fiquei entusiasmado ao ver um coloradinho uniformizado dos pés a cabeça, a número nove às costas, taí o nosso artilheiro para a segunda década do milênio! Lá pelas tantas me pego em uma vibrante disputa de vôlei, um contra um, com balão rosa. A garotinha simpatizou comigo, fico um tanto quanto perplexo. Pois, pensei que a minha maldade e rancor fossem indisfarçáveis...Me lembro dos bons tempos de piá, nos quais minha vó, mesmo muito doente, em seu leito, me fazia correr de um lado para o outro numa brincadeira semelhante.
Aos poucos a agitação diminui, as crianças aquietam, as mães suspiram aliviadas e eu volto para downtown, só passo em casa para pegar a grana e um pedaço de pizza. Táxi para que? Vamos a pé, é pertinho! Mais umas cervejas, algumas risadas, alguns silêncios constrangedores e doídos e, também, agradáveis encontros surpreendentes. Depois de filas, indecisões e pernadas e afins e etc e tals, entramos em uma noite qualquer com músicas que não tocam ao meu coração ou minha mente eternamente lisérgica...Basta uma pequena parada para que fique remoendo o que me atormenta, sem clima para festa vou embora. No fim, valeu a pena, um sábado que não foi perdido, mesmo que às quatro da manhã esteja em posição fetal com lágrimas nos olhos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Porra, tava indo muito bem até a última frase. Aí cagou tudo.

Cuevas disse...

ahiueheuheruuuutyrtutyuty