19 de ago. de 2007

Murió

Lá estava ele, compenetrado em sua eterna reclamação, ninguém me nota, ninguém me quer, ninguém me olha, ninguém fala comigo. Ele não percebe mas está se excluindo, se tornando insuportavelmente chato, ao ponto de acabar com qualquer sentimento que alguém por ele pudesse nutrir. Nada mais faz e por óbvio não tem nada a dizer, seus diálogos se repetem, sempre em tom depressivo de total desilusão e com séria dificuldade de exprimir o que realmente está sentindo. Passa os dias como se fosse um moribundo zumbi, até seus irrefutáveis dons estão opacos, ofuscados por sua terrível falta de vontade de viver.
Sua cara de pau é tanta que mesmo sem nunca ter um sorriso para dar, sem ter uma palavra bonita para dizer, sem ter a capacidade de empatia com os outros, quer que estes o tratem bem, como ele acha que merece. Ele quer ser amado sem amar, ele quer ser notado sem notar os outros, ele quer reconhecimento sem merecê-lo. Muita pretensão para quem pouco faz a não ser resmungar pelos cantos e chorar internamente. Todos tem problemas mas para ele só o seus importam.
A inércia desses últimos tempos já lhe custou muito, lhe custou amigos, festas, dias de felicidade no estádio Beira-Rio, etc. Até o golpe fatal vir nada lhe fez despertar para o problemas consigo mesmo. Finalmente o tapa seco em sua face fez acender o alerta vermelho, talvez seja tarde demais. Mas ao fim e ao cabo ele percebeu que ninguém olha para quem está morto. Portanto, só lhe resta viver...

2 comentários:

Anônimo disse...

Ótimo texto, meu velho.=)

Cuevas disse...

viver é muito perigoso!!